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Ditadura nunca mais

31/03/2021 marca 57 anos de um dos períodos mais tristes da história brasileira, o golpe civil-militar de 1964 que cassou mandatos, fechou o Congresso Nacional, prendeu, torturou e executou opositores por mais de 20 anos. Porém, mesmo depois de tanto tempo, e depois de todas as cicatrizes que o período militar deixou na democracia do Brasil, a Justiça deu aval para o Governo Federal celebrar o golpe de 1964.

São dois fatos que estarrecem nesse fato. O primeiro causa indignação, mas não surpreende que é o fato do Governo Federal comemorar um episódio marcado por assassinatos, torturas e outras perversidades, afinal são visíveis os traços e rompantes autoritários de Bolsonaro apresenta na presidência da República. O segundo causa espanto e desalento, como a Justiça pode autorizar uma celebração de algo que ceifou vidas e prejudicou o país por mais de 20 anos.

Nesta semana, ao demitir o ministro da defesa, Fernando Azevedo e Silva, Bolsonaro deixou clara sua ânsia pelo poder, uma vez que o agora ex-ministro não cedia aos arrombos autoritários do presidente. Porém, sua tentativa golpista não reverberou nas forças armadas, já que os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica colocaram seus cargos à disposição, também por discordarem da postura do presidente. Outra medida autoritária que o  presidente tentava implementar foi barrada na Câmara, o mecanismo de mobilização nacional é previsto na Constituição e foi regulamentado em lei específica para o caso de agressão estrangeira, ou seja, em caso de guerra. Pelo projeto, a crise na saúde pública poderia ser usada como motivo para a mobilização. Em efeitos práticos, o texto da proposta estabelecia que o chefe do Executivo poderia tomar medidas que incluem, entre outras, a intervenção nos fatores de produção públicos e privados; a requisição e a ocupação de bens e serviços; e a convocação de civis e militares para ações determinadas pelo governo federal. Deputados de oposição agiram e reprovaram a tentativa de golpe.

Deixamos claro que somos contra qualquer tipo de comemoração que envolva o período militar. Várias atrocidades foram cometidas e omitidas, mesmo depois de tanto tempo há diversos setores da população, entre eles agentes públicos que defendam tamanha barbárie e pedem a volta do terror. Temos um presidente que não se esforça para esconder sua predileção pelo poder absoluto e já move peças que isso se torne realidade. A sociedade precisa agir para que o pior não aconteça.

Foto: Manifestação no Rio de Janeiro em 1968. Arquivo Nacional, Correio da Manhã, PH FOT 00229.461.

Informações: G1